O trabalho intersetorial representa um desafio significativo na articulação e planejamento do processo de trabalho. Envolve o diálogo entre diferentes setores, respeitando as visões e contribuições de cada um na tomada de decisões para lidar com problemas e situações complexas. Essa abordagem é uma estratégia essencial para reconstruir práticas sociais e ambientais, permitindo uma atuação ampliada no processo socioambiental e implementando ações que enfrentem e mudem os Determinantes Sociais e Ambientais.
O trabalho intersetorial desempenha um papel relevante na operacionalização do conceito ampliado de sustentabilidade e na implementação de ações baseadas nos pressupostos teóricos e metodológicos da regeneração do planeta. É uma peça-chave no trabalho em equipe e na estratégia de integrar todos os setores em prol da comunidade como um todo.
A intersetorialidade pode ser definida como a articulação de saberes e experiências no planejamento, execução e avaliação de ações para alcançar efeitos sinérgicos em situações complexas, visando ao desenvolvimento social e superando a exclusão social (Junqueira, 2000). Essa abordagem requer ampla negociação e busca criar novos olhares e valores. É essencial respeitar as diferenças e incorporar as contribuições de cada política na compreensão e superação dos problemas sociais e ambientais. A intersetorialidade opera com conceitos como territorialização, vinculação, responsabilização e resolutividade, adotando uma visão integral do ambiente em suas dimensões físicas, socioculturais e biopsicossociais, nas quais os indivíduos e suas famílias estão inseridos (Junqueira, 2000).
O princípio da intersetorialidade envolve a articulação de saberes e práticas de sujeitos, grupos e setores mobilizados na formulação de políticas públicas e intervenções compartilhadas, assumindo a corresponsabilidade pela garantia de objetivos comuns, como a saúde e a cidadania, que são direitos humanos. Para isso, é necessário desenvolver processos participativos que promovam a capacidade dos indivíduos de entender as determinantes dos problemas e pensar criticamente (Martins, 2009). Valores fundamentais, como felicidade, respeito à diversidade, ética, humanização, corresponsabilidade, justiça social e inclusão social, são a base para a construção de um trabalho intersetorial efetivo.
O trabalho em equipe e a interdisciplinaridade são características essenciais do processo de intersetorialidade, contribuindo para ações socioambientais. O trabalho em equipe facilita a construção de redes, que podem ser definidas como um trabalho coletivo e a articulação de diversos sujeitos com conhecimentos e habilidades para promover transformações. Nesse contexto, temos os conceitos de campo e núcleo. O núcleo representa o conjunto de saberes e responsabilidades específicas de cada profissão, enquanto o campo abrange os saberes e responsabilidades de várias profissões ou especialidades que podem ser compartilhados (Mendonça, 2007).
Fica evidente, portanto, o desafio de implementar a intersetorialidade associada a um trabalho em equipe com corresponsabilidade entre todos os setores, permitindo a troca de saberes, o planejamento de ações e a tomada de decisões compartilhadas. Dessa forma, a intersetorialidade incorpora a ideia de integração, territorialidade, equidade, direitos sociais e outros aspectos. Esse novo modo de agir demanda mudanças de valores culturais em prol de uma ação coletiva.
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